segunda-feira, 30 de maio de 2011

Medo de Injeção....





Alê Morales

----- É só uma picadinha.
----- Prooooonto.
----- Viu? Doeu?

Quando a enfermeira começa a passar aquele algodãozinho com álcool no braço ou no bumbum você começa a se preparar para o pior. Ela destaca a seringa do papel e pega um vidrinho. Espeta a injeção no vidrinho e suga o conteúdo sem dar a mínima bola pra você, que a esta altura, com a manga levantada ou a calça abaixada, já está resignado com o seu destino cruel: estar por alguns minutos nas mãos sádicas de uma pessoa que estudou pra espetar os outros.

O medo é tão curioso que em 1904, no Rio de Janeiro, aconteceram 10 dias de luta, passeatas e comícios contra a obrigatoriedade da vacinação contra varíola, febre amarela e peste bubônica. A Revolta da Vacina contou com o apoio da Escola Militar da Praia Vermelha. Para arrumar emprego, viajar, casar ou votar o cidadão tinha que apresentar obrigatoriamente um atestado de vacinação. As pessoas brigavam pelo direito de ficar doente ou pelo direito de não ser obrigado a tomar injeção. A obrigatoriedade foi coordenada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz a mando do Presidente Rodrigues Alves.

Um século depois, sem as passeatas e os comícios e usando a irreverência, o Orkut abre espaço para 60 milhões de internautas compartilharem seus medos em comunidades como: “Eu tenho medo de injeção” e “Eu tenho medo de agulha”. “Ainda hoje, fico pálida, mas não dou vexame”.

Uma bela contribuição para o aumento no número de medrosos são os pais. A injeção sempre é apresentada à criança como castigo, punição, algo tenebroso e sobrenatural:

----- Se não comer tudo vai ficar fraco, doente e tomar injeção.
----- Se não calçar o chinelo vai ficar gripado, doente e tomar injeção
----- Se não tomar o remédio eu te levo agora pra tomar injeção.

A expressão de horror nos olhos das crianças quando chegam ao consultório médico ou odontológico é conhecida de todos.

Para o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto, autor do livro "Sem Medo de Ter Medo (ED. Casa do Psicólogo), as fobias têm em comum o componente da exposição no tratamento, que é o enfrentamento gradual, repetido, freqüente e prolongado das situações geradoras de medo, trabalhando numa hierarquia. Para o medo de injeção o paciente deve se expor na seguinte seqüência:

1º Manusear uma seringa lacrada.
2º Tirar a agulha e segurá-la.
3º Tirar a proteção da agulha para passá-la na pele.
4º Injetar água numa laranja.
5º Fixar com esparadrapo uma agulha sobre a pele do antebraço.
6º Receber uma injeção por via intramuscular

Se você for um medroso incurável nem tudo está perdido. Muitos médicos e pacientes estão substituindo as injeções convencionais pelo uso da hipnose, método usado desde a antiguidade para ajudar na cura de doenças. Uma das utilizações mais comuns da hipnose tem sido substituir a anestesia. Já há partos sendo realizados com a ajuda do método, mas a técnica é mais freqüente nos consultórios dentários.

Se você precisa tomar injeções constantemente (diabetes, hemofílico, alérgico) e tem medo não se preocupe. Existem muitos psiquiatras especializados na cura de fobias.Uma coisa é consenso: tendo medo ou não tomar injeção é o fim da picada (desculpem o trocadilho).

Desconheço o autor!

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